Onde vamos estacionar?

2 abril 2012

Aonde vamos estacionar?

Oscar Ferreira*

Belo Horizonte não tem vagas. Com essa afirmação simplista, levanto uma discussão sobre a atual legislação que regulamenta os estacionamentos da capital mineira. As facilidades de crédito somadas ao desejo de se ter um carro vêm provocando o aumento progressivo das frotas de veículos e, como resultado, enfrentamos um problema que já há algum tempo assombra as grandes cidades: não há onde estacionar. O ‘ter carro’ é da cultura do brasileiro e a economia tem favorecido tal desejo. Isso não vai mudar. As pessoas não vão parar de comprar carros. O problema é que a urbanização passou a ser refém das exigências impostas pelos automóveis. Diante disso, as cidades precisam ser redesenhadas em função das dimensões, de seus movimentos e suas necessidades.

O fato é que, ao adquirir um carro, o cidadão precisa de um lugar para guardá-lo, seja em casa, no trabalho ou por onde estiver. Segundo a legislação vigente, as construções tanto residenciais quanto comerciais devem disponibilizar um mínimo de vagas. Mas quando um projeto arquitetônico se restringe a esse número, sobram carros para serem guardados. Em Belo Horizonte, para cada unidade residencial é obrigatório que haja uma vaga de garagem. Para escritórios, a proporção é de uma vaga para cada sala de 50 m2 e de três para espaços com mais de 100 m2. Se há alguns anos essa lei fazia sentido, hoje está completamente defasada. Não é incomum que uma família formada por três pessoas tenha também três carros e que em uma sala de 100 m2 haja 10 ou 12 indivíduos que vão trabalhar de carro.

A implantação de rodízios em Belo Horizonte, como no sistema paulistano, seria um equívoco, até porque a técnica é facilmente driblada com a compra de mais de um veículo. Resultado: aumento ainda maior da frota. Para solucionar o problema da falta de estacionamento, o primeiro passo é adequar a lei que rege o segmento. Não há porque instituir limites; o mercado deve obedecer à demanda e, se necessário for, que em um edifício sejam construídos andares e mais andares para estacionamento. Todo o trabalho deve buscar a otimização dos espaços, o
que precisa ser realizado com foco em um melhor planejamento de acordo com o coeficiente de aproveitamento e da taxa de ocupação na construção dos empreendimentos.

Outro ponto importante é a implantação de um sistema de transporte público eficiente. Com isso, o tráfego de carros seria reduzido. Em cidades como Nova Iorque espaços para estacionamento são locados ao lado de estações de metrô, permitindo que o cidadão se desloque parcialmente por carro e faça o restante do trajeto de metrô, evitando também o excesso de tráfego nas ruas. O ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, famoso por reestruturar o sistema de transporte da capital paranaense, afirma que três anos de vontade política são suficientes para se transformar uma cidade. Acredito nele.

* Arquiteto, diretor de Projetos do Sinduscon-MG e vice-diretor de Arquitetura do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG)

 

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